Despejo de efluentes nas dunas da Joaquina preocupa moradores em Florianópolis 6d6h5q

Resíduos que saem da Lagoa de Evapoinfiltração da Lagoa da Conceição são levados por tubulação instalada embaixo da areia até o local onde são despejados; Casan estuda alternativas para resolução

Um vídeo que circula na internet chamou a atenção de moradores da Capital, mostrando tubulações e uma água verde nas dunas da Joaquina. As imagens evidenciam o sistema emergencial instalado em 2021, após o rompimento da Lagoa de Evapoinfiltração, que atingiu 70 residências e a Lagoa da Conceição. O sistema foi projetado para transportar o excesso de água da chuva da Lagoa de Evapoinfiltração, que recebe os efluentes da estação de tratamento de esgoto da Lagoa da Conceição. A instauração foi por conta da média de chuva prevista para aquele ano.

Local onde são despejados os resíduos nas dunas da Joaquina virou uma lagoa com água turva e cheiro desagradávelLocal onde são despejados os resíduos nas dunas da Joaquina virou uma lagoa com água turva e cheiro desagradável – Foto: Reprodução/ND

Quem publicou o conteúdo que gerou o debate na internet foi o arquiteto e urbanista Leonhard Bravo. Durante um eio para encontrar um ponto turístico, as lagoas naturais, ele descobriu líquidos e substâncias despejados no local. “Foi uma cena bem desoladora, foi bem triste porque deu para perceber que foi criado um reservatório artificial com esse esgoto tratado, então, decidi denunciar”, conta.

A preocupação aumentou depois que ele reparou que o líquido que saía do cano tinha um odor desagradável. “A água não era transparente. Tinha uma certa cor e vários fenômenos visuais, principalmente de eutrofização, quando tem um excesso de nutrientes e cria essa superfície verde que mata a biodiversidade local”, explica Leonhard.

Para quem acompanha de perto os anseios da comunidade, a exemplo do presidente da Associação Amolagoa, Kleber Domingos de Pinho, o tratamento adequado dos resíduos é uma solicitação antiga e o mecanismo adotado pela Casan não é suficiente.

“O bombeamento era para ser emergencial, paliativo para a Unidade de Conservação das Dunas, pós-tragédia. A história se arrasta e esse novo bombeamento escolheu um novo local para formar uma lagoa três vezes maior do que a anterior”, diz o presidente.

Iminência de catástrofe nas dunas da Joaquina t1c6a

Outro ponto levantado por Pinho é a insegurança e o medo de ver uma tragédia parecida com o rompimento de janeiro de 2021. “Não tem como dormir tranquilo sabendo que aconteceu uma catástrofe e que novamente existe uma Lagoa de Evapoinfiltração dentro das dunas. Já se aram quatro anos e daqui 10, 15 anos, vamos estar na iminência de uma nova catástrofe”, ressalta Pinho.

O presidente sugere a instalação de um emissário submarino — um sistema para lançamento dos efluentes tratados nos mar, longe da costa, que aproveitaria a capacidade de depuração do oceano e evitaria que problemas ambientais voltassem a ocorrer no local.

Para biólogo, situação é provisória, precisa de monitoramento e emissário submarino seria solução para o problema 6t5k3a

Biólogo e coordenador de meio ambiente do Movimento Floripa Sustentável, Emerilson Emerin reitera que a situação de hoje é provisória. “Existe a estação de tratamento, que trata o efluente e o lança, tratado, nas dunas. Esse efluente, mesmo tratado, tem carga orgânica, mas não há alternativa, ele precisa ir para algum lugar, o que precisa é de um monitoramento, para saber se há comprometimento do meio ambiente”, declara.

Emerin é mais um que enxerga no emissário submarino a solução do problema. “Não tem outra. Como a região demonstra, nosso lençol freático é superficial, não permite uma ampla infiltração. Nossos rios são de pequeno volume, não tem como lançar e a única alternativa é o mar”, defende o biólogo. “A campanha tem que ser, rapidamente, pela construção de um emissário, com os estudos ambientais necessários”, completa.

O profissional também destaca que a Casan apenas trata os efluentes, não é quem gera. “Os geradores somos nós, seres humanos, e uma cidade que cresceu 30% desde o último censo tem esse desafio do tratamento dos seus efluentes. Temos que encarar isso, pois está comprometendo a qualidade ambiental da nossa cidade”, destaca.

Sistema de bombeamento garante a segurança da população, diz Casan 1y6718

Em nota, a Casan informou que o sistema de bombeamento é necessário para garantir a segurança da população e funcionamento da Lagoa de Evapoinfiltração nos períodos de chuvas intensas. Também que há um monitoramento online e o bombeamento é acionado quando o nível de segurança é ultraado.

“Esse sistema precisa funcionar até que exista um novo local para receber o efluente tratado pelo sistema, opção que está em estudo”, informa a estatal.

A Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, por meio da Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente) diz que acompanha de perto a situação, monitorando possíveis impactos ambientais para garantir a preservação do Parque Natural Municipal da Lagoa da Conceição.

Audiência pública na Alesc vai tratar do assunto 2qg1p

A pauta será discutida em audiência pública na Alesc (Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina), após requerimento do presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o deputado Marquito (PSOL). A proposta do debate é abordar temas que incluem o sistema emergencial da Lagoa da Conceição, entre outros assuntos.

Segundo o deputado Marquito, a audiência pública vai tratar especificamente da questão ambiental da lagoa, “a qualidade dos rios que abastecem a lagoa, a qualidade ambiental, as pesquisas recentes e aquelas medidas judiciais que já aconteceram e estão sendo cumpridas”.

Agenda prevista para março 501x6v

O encontro, previsto para ocorrer no mês de março, contará com a participação de órgãos e entidades ambientais, assim como a presença da Casan, Prefeitura de Florianópolis e Ministério Público Federal, debatendo as denúncias e possíveis soluções para a Lagoa da Conceição.

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