Conhecer, reconhecer e homenagear. Esses são os objetivos do Grupo ND com o projeto “Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil”. Para contar essa história, serão veiculadas 16 reportagens especiais na NDTV, produzido um documentário em quatro capítulos, misturando história e dramaturgia, e editado um caderno especial no jornal ND e até um gibi, para levar a história aos pequenos.

Além disso, o especial vai homenagear 50 personalidades que representam a comunidade germânica e se destacaram no esporte, a exemplo do tenista Gustavo Kuerten, do nadador Fernando Scherer e do jogador de basquete, Tiago Splitter, ou na cultura, como o cineasta Sylvio Back e o poeta Lindolf Bell. O projeto será executado em seis meses, a partir do mês que vem, até dezembro.
Se a chegada, em 1824, foi no Rio Grande do Sul, o desembarque dos pioneiros em Santa Catarina foi em 7 de novembro de 1828, quando os dois primeiros navios, Brigue Luiza e Bergatim Marques Vianna, pararam no porto de Desterro.
Após seis meses aguardando, os pouco mais de 500 imigrantes alemães foram para São Pedro de Alcântara e essa história também será contada. A NDTV vai além, produzindo conteúdo, inclusive, no ponto de origem: a Alemanha.
Presidente do Grupo ND, Marcello Corrêa Petrelli ressalta que a empresa vem se especializando em grandes projetos. Ele citou o especial do bicentenário de Anita Garibaldi, os 275 anos da imigração açoriana e o aniversário de 350 anos da Capital.
“Além de informar e formar opinião, temos o compromisso e obrigação de perpetuar o que é relevante, por meio da boa comunicação e do bom jornalismo. É uma decisão que demanda investimento, equipe, englobando toda a empresa. É por isso que conseguimos, por exemplo, o reconhecimento internacional no projeto sobre Açores”, afirma Petrelli.
A influência no empreendedorismo, na cultura e nos valores 4b2h3g
Para ele, os 200 anos da imigração alemã no Brasil é uma data muito importante para nós, pela forte influência alemã no país, não apenas na parte empreendedora, como na cultura e nos valores.
“Tiveram duas guerras e hoje é a maior potência da Europa. É um país que vive a questão religiosa luterana, a postura comunitária e social. E Santa Catarina é o que é pela formação social que advém de duas grandes colonizações, uma delas a alemã”, registra Petrelli.
Ele também lembra que o Estado tem as cidades com maior influência alemã do Brasil, como Pomerode, Blumenau, ville, e ainda Orleans, Brusque, Jaraguá do Sul, São Pedro de Alcântara”.

Petrelli destaca também as empresas construídas por alemães ou seus descendentes, que se destacam no Brasil e no mundo. “Queremos mostrar tudo isso. As pessoas, os fundadores, as empresas, os produtos, a cultura, a atitude. Além disso, vale destacar que o alemão daqui é o alemão brasileiro. Não é uma colonização isolada. Eles são totalmente integrados, presentes e parte do nosso Estado”, defende.
Uma lição deixada até mesmo na derrota z5h8
Presente no Mineirão no fatídico 8 de julho de 2014, quando o Brasil sediava a Copa do Mundo e perdeu de 7×1 para a Alemanha, Petrelli lembra que a inesquecível derrota vai completar 10 anos mês que vem.
“Eles se organizaram, se planejaram, fizeram todo um processo de base e foco. Se instalaram meses antes no Brasil e não foi por acaso que nos venceram. Naquele dia, nos ensinaram que, para ganhar qualquer coisa no mundo, é trabalhar forte, ter foco e planejamento. Pena que o Brasil não aprendeu”, lamenta. “Só não foi 10×1 porque tiraram o pé”, completa.
Na Alemanha 3g4r55
O diretor de Programação do Grupo ND, Marcelo Campanholo, ressalta que as reportagens e produções mostrarão como os imigrantes chegaram e onde desembarcaram primeiro, percorrendo todas as regiões do Estado.
“Vamos gravar no Rio de Janeiro, na Alemanha, também fazer matérias com as homenagens aos descendentes. Ao final, o documentário, também contando a história, em quatro capítulos de 30 minutos. Será no mesmo modelo de Açores e Anita, trazendo a história com um pouco de dramaturgia”, explica Campanholo.
Segundo ele, a viagem para a Alemanha se justifica para mostrar a raiz dessa imigração. “A ideia é fazer esse link, saindo do ponto inicial, de onde realmente saíram, e também falar com parentes, bisnetos, tetranetos, por exemplo, do botânico Fritz Müller”, lista Campanholo.
Em território catarinense, a NDTV já gravou em São Pedro de Alcântara, Pomerode, Blumenau e, semana que vem, estará em ville, depois nas regiões Oeste e Meio-Oeste. “Em todo Estado, onde tem uma história para ser contada dessa imigração, estaremos presentes”, diz ele.
Iniciativa lançará luz aos dois séculos que moldaram parte dos catarinenses 3s1164
Cônsul honorária em Blumenau, Susanne Klemz Adam atua no Estado, incluindo Florianópolis, como auxiliar do consulado geral da Alemanha, em Porto Alegre. Exerce o cargo de forma honrosa e voluntária, auxiliando os agentes consulares de carreira.
“Vejo essa iniciativa como fantástica, incrível. Conheci detalhes do projeto e estou muito empolgada com a posição do Grupo ND em relação a esse assunto. Parabenizo o grupo por essa iniciativa, fazendo o resgate histórico, festejando a cultura alemã e a contribuição que trouxeram para o nosso Estado”, declara.
Historiadora e diretora-executiva da Sociedade Cultural Alemã de ville, Dolores Tomaselli será curadora do projeto. Ela também se encantou pela iniciativa. “Desde que vi a apresentação, ainda como telespectadora do ND Notícias, me encantei e parabenizei a equipe por lançar luz nos 200 anos da imigração alemã no Brasil”, diz Dolores.

Ela considera o projeto muito bem-vindo, porque vai trazer mais informação, sobretudo às novas gerações, que não conhecem tão bem a história da formação do Estado de Santa Catarina.
“Trabalho na área da memória há mais de 30 anos e minha dedicação específica é na zona de imigração. Fiquei muito feliz e espero contribuir de forma efetiva para valorizar essa herança cultural que fez nosso Estado ter a posição que tem, por exemplo, com um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) tão elevado, faixas menores de desigualdade, enfim, índices que Santa Catarina apresenta e tem total relação com a imigração”, argumenta.
Para exemplificar a importância dos alemães em Santa Catarina, ela lembra que, das três cidades mais populosas do Estado, duas têm colonização germânica: ville, a maior, e Blumenau.
“No Rio Grande do Sul, começa em 1824, em São Leopoldo, mas eles não têm municípios que se destacam no Estado, ao o que Santa Catarina tem isso muito claro, tanto nas questões econômicas, quanto índices de desenvolvimento humano”, pondera a historiadora.
Apesar da descendência italiana, Dolores conta que seu nono veio da Itália, mas foi parar em Schroeder, cidade do Nordeste catarinense de colonização alemã, por isso se dedica à história dos alemães há mais de 20 anos.
“Projeto altamente significativo, não uma simples homenagem” 4635q
Outra curadora do projeto, Sueli Petry foi professora por muitos anos. Pelo conhecimento com que tem trabalhando no arquivo de Blumenau e por sempre se envolver com a documentação relativa à imigração, acredita que esta é uma oportunidade de contribuir para valorizar um momento tão significativo, que é o bicentenário da imigração alemã no Brasil.
“Esse projeto é altamente significativo, para lembrarmos dessa saga dos imigrantes que aqui vieram, no século 19, e transformaram nosso país econômica, política, cultural e socialmente, deixando marcas tão grandes que merecem ser relembradas. Também é forma de valorizar a importância dessa imigração no Brasil”, destaca.
Sueli reforça que a imigração em Santa Catarina começa a partir de 1828, com a chegada dos imigrantes alemães num projeto de Dom Pedro 1º, para ocupar o Sul do Brasil, de forma geográfica, econômica, política, cultural e militar.
“Em São Pedro de Alcântara – na Grande Florianópolis – se fixaram os primeiros alemães e lá construíram a base desse projeto de colonização. Essa primeira leva, com aproximadamente 534 pessoas, veio em duas embarcações”, conta.
A pesquisadora frisa que como era uma região inóspita e de terreno pouco fértil, a partir de 1836, quando o governo da província de Santa Catarina permite que migrem dentro do território, houve migrações e surgiram outras localidades, como Gaspar, por exemplo.
“Vão desenvolvendo agricultura e naturalmente se expandindo.” Os pioneiros, segundo Sueli, foram as famílias Eberhard, Pitz, Schramm, Wagner, Lucas, Muller, Schneider e Spengler.

Já o projeto de Hermann Blumenau, conforme Sueli, se dá por meio de solicitação, dentro de uma lei que permitia a estrangeiros iniciar um projeto de ocupação de terras. No caso de Hermann, um projeto particular, de ocupar as terras em direção ao Alto Vale do Itajaí, começou só com 17 imigrantes. Hoje, Blumenau é a terceira cidade mais populosa do Estado, com mais de 363 mil habitantes.
“Por que não valorizar e reavivar essa contribuição em todo o Estado dos imigrantes alemães? Não é uma homenagem simplesmente pelos 200 anos, mas um registro da importância dessa imigração e da contribuição até os dias de hoje”, ressalta a curadora.